Xandu Alves
São José dos Campos
O Porto de São Sebastião, no Litoral Norte, está na mira de empresas
nacionais e internacionais para se tornar polo exportador de animais
vivos, em especial de bovinos. A atividade pode gerar emprego e
movimentar a economia na região.
Neste final de semana, um navio da empresa australiana Wellard Rural
Export começa a embarcar gado vivo brasileiro que será enviado para a
Turquia. A carga total pode chegar ao número recorde de 22 mil animais,
volume que movimentará US$ 20 milhões. A primeira etapa da operação
embarcará 6.500 cabeças neste final de semana.
Guerra. O embarque dos animais exige uma
operação quase de guerra, incluindo passagem pela Rodovia dos Tamoios em
esquema especial para evitar a formação de longas filas de caminhões,
os comboios.
O gado está confinado em uma fazenda em Guapiaçu (SP), na região de São
José do Rio Preto, e exigirá 240 viagens para ser todo deslocado ao
Porto de São Sebastião.
Movimentação. Será o segundo embarque de animais vivos no porto neste ano.
No início de junho, a estrutura recebeu 4.700 animais também despachados
para a Turquia, país que entra no rol dos principais compradores.
Segundo exportadores, o Porto de São Sebastião, que é administrado por
uma companhia de economia mista ligada ao governo estadual, embarca
animais vivos desde 2001, com saldo de 94,5 mil, sem contar os
exportados em 2016.
Nesse período, os principais compradores foram Angola e Venezuela, com
respectivamente 39.900 e 28.900 animais. Países europeus, asiáticos,
africanos e do Oriente Médio, como Turquia, Líbano e República
Democrática do Congo, são outros fortes compradores do gado brasileiro.
"Temos muito interesse em transformar o Porto de São Sebastião em um
polo exportador de gado vivo", diz Valdner Bertotti, diretor da VB
Agrologística, responsável pelo embarque dos 22 mil animais.
Vantagens. Segundo ele, o porto tem o
tamanho ideal para esse tipo de carga e conta com apoio da autoridade
portuária para movimentar animais vivos, operação que exige
procedimentos rígidos de inspeção e segurança. "Por ser bem localizado, o
porto pode se tornar o maior exportador de gado vivo do Sudeste",
afirma Bertotti.
Ele cita ainda a logística para transporte da carga, por estar o porto
bem localizado entre São Paulo, Minas Gerais e parte da região
Centro-oeste do país. "Conseguimos comprar animais em um raio de 500 km
do porto, visando assim o bem estar do animal", completa o empresário.
Empregos. Mais embarque de animais vivos
representa mais empregos para a região. É assim que avalia o analista
Alex Lopes, da Scot Consultoria, de Bebedouro (SP), especializada em
agronegócio, sobre a movimentação de animais vivos no porto.
"Quando falamos de concorrência, não tenha dúvida que é extremamente
interessante", afirma Lopes. "Começa a fornecer condições de negociar
melhor o gado. E isso beneficia a indústria e gera emprego. É
interessante para o pecuarista", diz.
Fonte:ovale