![Para ambientalistas, transposição terá impactos negativos na região. Foto: Marcelo Caltabiano](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_tE8hAcVJdO7xWF13e3ZTeKWW-_GM5NSm6ZvxaTxez8Aq0Y7Iv2iIKPc1Hr3yvF-kb3ZRENvFRfTSjiRl5eCpHVY8qUR3yf-O7Z1symsr6MvzP5MH870dFH1BziBFoS6cEvTFSOeIJi_rYEjEJQAK0rJHjpJyyFJZE__75SgtnV8FuI9XDJVqxDS-4Pt6QtHNEF-QQ6NXHEhT25g2M=s0-d)
Para ambientalistas, transposição terá impactos negativos na região. Foto: Marcelo Caltabiano
Segundo superintendente da empresa, medida deve ser adotada
caso o próximo verão tenha um período de estiagem tão grande quanto o
deste ano; risco aumenta pressões contra transposição do rio Paraíba
Lauro Lam
Especial para O Vale
O superintendente regional da Sabesp, Oto Elias Pinto, admite a
possibilidade de racionamento de água na RMVale a partir de 2015.
A medida, segundo ele, seria adotada caso ocorra no próximo verão uma seca tão rigorosa quanto a deste ano.
O assunto preocupa tanto que uma reunião no Comitê das Bacias
Hidrográficas do Rio Paraíba do Sul foi marcada para o próximo dia 28
para analisar o atual cenário dos reservatórios da região e os possíveis
impactos de um prolongamento da estiagem.
“Vamos intensificar a cons-cientização sobre o uso da água, pois se a
estiagem continuar neste ritmo o racionamento poderá acontecer no ano
que vem. Para este ano não há risco, mas para 2015 há”, disse o
superintendente da Sabesp após evento na Câmara de São José anteontem.
Ele ressalta que o atual padrão de consumo de água precisa ser revisto,
citando como exemplo o caso de São José. A cidade registra atualmente um
consumo médio diário de 180 litros de água por habitante, bem acima dos
110 litros per capita recomendados pela ONU (Organização das Nações
Unidas).
“É preciso fazer um trabalho de reeducação, o que é um desafio”, afirmou.
Polêmica. Com a possibilidade de um racionamento de
água para 2015 na Região Metropolitana do Vale do Paraíba, aumentam as
pressões contrárias ao projeto do governador Geraldo Alckmin (PSDB) de
fazer a transposição das águas da Bacia do rio Paraíba do Sul para
salvar o abastecimento da Grande São Paulo.
A ideia do tucano é levar água a partir da represa do Jaguari, em
Igaratá, até o sistema Cantareira com um canal de cerca de 15
quilômetros de extensão --uma obra avaliada em R$ 500 milhões.
Para especialistas, a transposição traria muitos impactos negativos à RMVale.
“A solução temporária para a Grande São Paulo pode comprometer o
abastecimento do Vale, afetando mais de 2 milhões de pessoas. É muita
gente para pouca água. O governo do Estado deveria repensar em
alternativas, como a manutenção das nascentes, despoluindo fontes que
poderiam ser utilizadas para captação de água”, analisou o
ambientalistas Lincoln Delgado.
Marcha. Insatisfeitos com o atual cenário de escassez
de água, vereadores da RMVale irão à Assembleia Legislativa no próximo
dia 3 de junho para buscar apoio dos deputados estaduais ao movimento
contra a transposição.
O grupo planeja apresentar aos parlamentares um abaixo-assinado com 10
mil adesões, mostrando a rejeição dos moradores ao projeto.
“Queremos que o governador mostre estudos sobre os impactos do projeto
de uma forma mais clara, buscando outras alternativas que não seja a
transposição. Como vamos enviar água [para São Paulo] se já está
faltando por aqui?”, indagou o presidente da Frente de Vereadores da
RMVale, Hernane Barreto (PT), de Jacareí.
Já no dia 5 de junho, quando é comemorado o Dia Mundial do Meio
Ambiente, haverá uma mobilização na represa do Jaguari, a partir das
10h. Um abraço simbólico vai mostrar a importância de se preservar a
capacidade da represa, hoje em 37%.
“A fala do superintendente da Sabesp nos traz uma preocupação ainda
maior, demonstrando aquilo que temos constatado em audiências sobre o
risco do esvaziamento de nossos reservatórios”, afirmou a vereadora
Renata Paiva (DEM), de São José.
“Precisamos de investimentos para a recuperação da Bacia do Paraíba do Sul.”
Especialistas em saneamento também alertam para o desperdício por parte
da própria Sabesp, que hoje opera com um índice de perdas de 29%.
Saiba mais
Racionamento
Caso a estiagem continue no mesmo ritmo dos últimos meses, a Sabesp não
descarta a possibilidade de racionamento de água para 2015 na RMVale.
Hoje, cerca de 142 cidades brasileiras convivem com o racionamento de
água, o que representa cerca de 6 milhões de pessoas
Alternativas
O incentivo ao uso consciente da água deverá ser intensificado por meio
de campanhas educativas ainda neste ano. A preocupação será discutida em
reunião do Comitê das Bacias Hidrográficas do Paraíba do Sul no próximo
dia 28
Dicas
Ações básicas podem ajudar a economizar. Durante o banho, feche o
chuveiro enquanto estiver se ensaboando e só ligue quando for se
enxaguar. Desta forma, ao invés de gastar 180 litros, você usará apenas
48 litros. O banho deve ter no máximo 5 minutos
Consciência
O vazamento de uma torneira gasta cerca de 46 litros por dia ou 1.380
litros por mês. Evite jogar lixo no vaso sanitário e não use a descarga
se não houver necessidade. Cada vez que ela é acionada por 6 segundos,
gasta-se entre 6 e 10 litros
Sabesp assegura abastecimento
A Sabesp divulgou nota no fim da tarde de ontem sustentando que
os sistemas de abastecimento dos 24 municípios operados por ela na
RMVale “operam normalmente”. A empresa frisou que, durante a audiência
na Câmara, o superintendente Oto Elias Pinto abordou a importância da
economia de água, ‘tendo em vista se tratar de recurso natural’.
Nível do sistema Cantareira cai a 8,4% da capacidade
São Paulo (Folhapress)
O nível do sistema Cantareira atingiu ontem 8,4% de sua capacidade total.
A retirada do volume morto do local --reserva de água na zona mais funda
das represas que, por ficar abaixo da tubulação que capta o líquido dos
reservatórios, precisa ser bombeada para a superfície-- começa hoje,
segundo a Sabesp.
Com essa ação, o governo pretende assegurar o abastecimento de água na
região metropolitana de São Paulo até março de 2015. A previsão, no
entanto, foi rebatida pela ANA (Agência Nacional de Águas), que prevê o
esgotamento do volume morto antes de novembro, caso se mantenham os
atuais níveis de chuva e de retirada de água das represas.
A ANA, junto com o Daee (Departamento de Água e Energia Elétrica,
estadual), é responsável pela gestão do Cantareira, sistema que abastece
8,8 milhões de pessoas na Grande SP e, indiretamente, 5,5 milhões no
interior do Estado, nas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí
Bombas. A Sabesp investiu R$ 80 milhões em bombas para
conseguir retirar essa água quando o "volume útil" do sistema acabar. A
captação elevará o nível do Cantareira em 18,5%, segundo a empresa.
No atual ritmo de queda, a capacidade do sistema chegaria a 0% na última
semana de junho, em plena Copa do Mundo. Na ocasião, São Paulo receberá
um jogo das oitavas-de-final do Mundial.
font;ovale.com.br