Montadora não informa oficialmente número de trabalhadores no setor,
mas alega que produção de carros continua; para sindicato, MVA é passado
Chico PereiraSão José dos Campos
É a reta final.
Dentro de 16 dias, oficialmente, a General Motors deve desativar por completo o setor MVA (Montagem de Veículos Automotores) da fábrica de São José dos Campos. Na realidade, o MVA praticamente já estaria desativado não abrigando mais do que 50 funcionários, segundo apurou O VALE.
Quem ainda permanece lá deve ser demitido a partir do dia 1° de janeiro.
Para o Sindicato dos Metalúrgicos, o MVA já é história do passado. “O setor está praticamente fechado. Muitos trabalhadores foram transferidos para outras áreas”, disse o presidente do Sindicato, Antonio Ferreira de Barros, o Macapá, a O VALE.
O dirigente, no entanto, não soube informar o número de trabalhadores que ainda permanece vinculado ao MVA nem quantos serão desligados a partir de janeiro.
Segundo ele, muitos operários aderiram ao PDV (Programa de Demissão Voluntária) aberto pela empresa em setembro, quando o número de trabalhadores no setor era 850. “Não sabemos quantos trabalhadores deverão ser demitidos. Temos que levantar com a empresa”, declarou.
Modelo.
Apenas o Classic era montado nessa unidade. Em agosto, a cadência produtiva do modelo era de cerca de 150 veículos por dia.
Segundo Macapá, as últimas informações que o sindicato possui é que a cadência produtiva era baixa, não mais do que 11 veículos por dia, mas ele não soube dizer se ainda há produção no setor.
A assessoria da GM sustenta que ainda há produção de carros no MVA, mas a empresa não forneceu detalhes. Também não informou quantos empregados ainda estariam lotados no setor.
Crise.
A crise no MVA se arrasta há quase dois anos. O setor era o responsável pela montagem dos modelos Zafira, Meriva, Corsa Hatch e Classic, mas encerrou a produção dos três primeiros em meados do ano passado.
Em julho de 2012 a GM comunicou a intenção de fechar o setor e, após uma série de reuniões com o sindicato foi mantida a produção no setor. Em janeiro deste ano foi fechado um acordo com o sindicato garantiu que a produção fosse mantida apenas até dezembro deste ano, com cerca de 850 trabalhadores.
Em agosto, no entanto, a montadora tentou desativar o setor, com a alegação de que a produção no MVA se tornou inviável por causa dos altos custos. Após negociações com o sindicato, a montadora decidiu manter o MVA até dezembro, mas propôs o PDV para os trabalhadores.
O resultado do PDV não foi divulgado pela empresa, mas parte dos operários aderiam.
A expectativa agora é pelo anúncio do local onde a montadora planeja produzir um novo modelo de carro nos próximos anos. A fábrica de São José é forte candidata.
Nova fábrica é uma incógnita
Após as crises registradas nos últimos anos, com demissão de operários e fim da produção de veículos na planta da GM de São José, a expectativa da cidade agora é pelo anúncio sobre o local onde a empresa irá investir R$ 2,5 bilhões para a produção de um novo modelo de carro.
São José é forte concorrente e disputa com outros dois países, segundo a montadora.
Acordo.
Para isso, o Sindicato dos Metalúrgicos já assinou um novo acordo trabalhista com a montadora, com padrões salariais mais baixos que os dos atuais empregados. “Já fizemos a nossa parte, agora estamos no aguardo do anúncio da empresa”, disse o presidente do sindicato, Antonio Ferreira de Barros, o Macapá. A empresa ainda não tem posicionamento a respeito do anúncio.
Acordo garante R$ 500 milhões
Em janeiro deste ano, uma das cláusulas do acordo fechado pelo Sindicato dos Metalúrgicos com a empresa garantiu a aplicação de R$ 500 milhões na planta de São José entre 2013 e 2017. O investimento é nas áreas de Componentes e na Powertrain, em capital (aquisição ou melhoria de ativos) e em Engenharia de Produção ou de Manufatura.
São José tem prioridade no país
Pelo acordo selado em janeiro, projeto de veículo automotor a ser produzido no Brasil pela GM terá como preferência a planta de São José dos Campos frente as demais unidades montadoras de veículos da empresa no país. As partes ajustaram compromisso de preferência negocial nesse sentido, conforme o documento firmado.
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