Fundador do Guará oferece proposta para 'compra' do time: 'Minha paixão'

Mario Augusto Nunes, um dos fundadores do Tricolor, vai formalizar proposta na quarta-feira para que o time não deixe a cidade de novo

Por Silas Pereira Guaratinguetá, SP

Torcida do Guaratinguetá recebeu o prêmio de
melhor torcida do interior de São Paulo em 2007
(Foto: Guaratinguetá Futebol/ Divulgação)

O advogado Mário Augusto Nunes está ansioso. Mal consegue dormir. Após fundar o time de futebol de Guaratinguetá, no Vale do Paraíba, em 1998, ele não quer ver seu "filho morrer de novo". O Tricolor do interior de São Paulo foi colocado à venda após ser rebaixado à Série C do Campeonato Brasileiro. Em 2011, o clube-empresa já deixou a cidade partindo para Americana. Será que o torcedor de Guará vai perder seu time de futebol mais uma vez?
- Não quero ver esse sonho acabar. A cidade é apaixonada por futebol, pelo time. Seria uma tristeza muito grande. Assim que soube que a empresa colocaria o time à venda para investidores da cidade, eu já corri por todos os lados para me oferecer. Quero voltar ao Guará e vou fazer o possível e o impossível para não deixar meu filho morrer de novo. É minha paixão - declarou Marinho, que fundou a Garça em 98 na companhia de Cacalo, que depois se tornaria preparador de goleiros da equipe.
A primeira parceria do Guará, ainda na gestão de Marinho, foi com a dupla de jogadores César Sampaio e Rivaldo. O Tricolor do Vale do Paraíba foi crescendo e chegou ao seu auge em 2007, então presidido por Carlos Arini, hoje no Santo André.

César Sampaio e Rivaldo investiram no Guará no início de sua história (Foto: Divulgação/ Site oficial SPFC)

- Foi um ano inesquecível. A torcida do Guará ganhou o prêmio de Melhor do Interior e nós conquistamos o título de Campeão do Interior. A cidade abraçava o time de uma forma que nos impressionava muito. Sou suspeito para falar sobre a paixão de Guará pelo time - lembrou Arini.
Em 2008 o Guaratinguetá fez a melhor campanha do Paulistão. No mata-mata, na semifinal, o time acabou caindo contra a Ponte Preta.

 

Israel Vieira, presidente do Guará, ao lado do
preparador de goleiros Cacalo, um dos fundadores
do time em 1998 (Foto: Fábio Rubinato/ AGF)

Sob a gestão de Israel Vieira, o atual presidente, o Guará foi rebaixado à Série A2 do Campeonato Paulista. E neste fim de semana caiu para a Série C do Brasileiro. A empresa Sony Sports, que comanda o Tricolor do Vale, deu o prazo de sexta-feira, 6, para que empresários da cidade ofereçam um projeto "estruturado" para assumir a direção do time.
- Espero que a empresa cumpra com a palavra e deixe o time com empresários da cidade. O que não podemos entrar é num leilão para comprar o time, competindo com outras cidades. Queremos que eles nos passem o clube, as contas, enfim, como estão noticiando. E que não queiram lucrar com essa venda e dando preferências para investidores de outros municípios - acrescentou o fundador da Garça, Marinho.
Torcida protesta
José Luiz, da organizada Torcida Jovem, falou sobre a situação do time. A Garça teve a terceira pior média de público na Série B deste ano, com média de 1500 torcedores por partida (ficou à frente de Bragantino e São Caetano, os últimos colocados).
- É uma história, um time de futebol, uma paixão. Não pode acabar assim. Uma boa alternativa, na minha opinião, seria unir o Manthiqueira com o Guaratinguetá - comentou o torcedor, citando o clube Manthiqueira, também localizado em Guará, que disputa a Quarta Divisão do Campeonato Paulista.

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O presidente do Manthiqueira, Dado Oliveira, nega a junção.
- Não é tão fácil assim assumir uma equipe como o Guaratinguetá, não. Série C, Série A2, não é de graça, não existe isso de 'passar de graça'. Seguimos com o nosso projeto, como uma alternativa ao torcedor da cidade, e incentivando o futebol fair play - esclareceu Dado.
Em 2014 o Guará disputa a Série A2 do Paulista e a Série C do Brasileiro.